O ministro do STF, Alexandre de Moraes, retirou o sigilo do relatório da PF enviado à Procuradoria Geral da República. Entre as principais revelações do inquérito da PF estão que Bolsonaro tinha “plena consciência” do golpe e que tanques da Marinha estavam prontos para atuar. Veja detalhes na TVT News.
Tanques da Marinha estavam prontos para o golpe, aponta relatório da PF
Em mensagens encontradas pela Polícia Federal (PF) no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, um interlocutor identificado apenas pelo nome de “Riva” confirmou para o Tenente-Coronel Sérgio Cavaliere que a Marinha, liderada à época pelo Almirante Almir Garnier, chegou a preparar tanques para a tentativa de golpe de Estado planejado por Bolsonaro e seus aliados. “O Almirante Garnier é PATRIOTA. Tinham tanques no Arsenal prontos”, enviou o militar.
Os prints da conversa entre Cavaliere e “Riva” foram encaminhados para Mauro Cid por Cavaliere, em 4 de janeiro de 2023, quatro dias antes dos atos golpistas de 8 de janeiro.
Na mesma conversa, “Riva” cita uma reunião que Bolsonaro teria tido com seu então vice-presidente, o General Hamilton Mourão e outros generais, ocasião em que os militares teriam rasgado um documento que Bolsonaro assinou, possivelmente o Decreto de Golpe de Estado. “Riva” também afirma que Mourão estaria negociando a saída de Bolsonaro do Brasil.
Já com Mauro Cid, Cavaliere pergunta se a história da reunião de Bolsonaro contada pelo outro militar era verídica. Cid diz que “não foi bem assim” e encaminha um áudio explicando o ocorrido, que apagou após seu envio.
As informações fazem parte do relatório divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta terça-feira (26), em que a Polícia Federal concluiu que Bolsonaro atuou de “forma direta e efetiva” no plano golpista que impediria o Presidente Lula de tomar posse em 2023. O mesmo relatório também indica a participação ativa do general da reserva Walter Braga Netto.
Braga Netto foi elemento chave na tentativa de golpe, diz relatório da PF
O general da reserva Walter Braga Netto teve participação concreta nos atos relacionados à tentativa de golpe de Estado e da abolição do Estado Democrático de Direito, inclusive na tentativa de obstrução da investigação. A conclusão é da Polícia Federal (PF) no relatório que indicia o militar e mais 36 acusados.
O sigilo foi derrubado nesta terça-feira (26) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do chamado inquérito do golpe.
Braga Netto concorreu nas eleições presidenciais de 2022 como vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro. Também foi ministro-chefe da Casa Civil, de 2020 a 2021, e ministro da Defesa, de 2021 a 2022.
Operação 142 e Braga Netto
No material apreendido na sede do PL, mais especificamente na mesa do assessor do general Braga Netto, coronel Peregrino, foi encontrado um esboço de ações planejadas para a denominada “Operação 142”. O nome dado ao documento faz alusão ao artigo 142 da Constituição Federal que trata das Forças Armadas.
O documento propõe ações que incluem “interrupção do processo de transição”, “mobilização de juristas e formadores de opinião” e “enquadramento jurídico do Decreto 142 (AGU e MJ)”.
O relatório encerra com o texto “Lula não sobe a rampa”. Segundo a PF, em uma clara alusão ao impedimento de que o vencedor das eleições de 2022 assumisse o cargo da presidência.
“O documento demonstra que Braga Netto e seu entorno, ao contrário do explicitado no documento anterior, tinha clara intenção golpista, com o objetivo de subverter o Estado Democrático de Direito, utilizando uma interpretação anômala do art. 142 da Constituição Federal, de forma a tentar legitimar o golpe de Estado”, diz o relatório.
Inquérito da PF: Bolsonaro sabia do golpe
A Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro atuou de “forma direta e efetiva” nos atos executórios para tentar um golpe de Estado em 2022.
A PF indiciou Bolsonaro e mais 36 acusados por golpe de Estado e abolição violenta do estado democrático de Direito, além de golpe de Estado e organização criminosa. O sigilo foi derrubado nesta terça-feira (26) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do chamado inquérito do golpe.