Movimentos sociais, sindicais e populares convocam um grande ato nesta quinta-feira, 10 de julho, na Avenida Paulista, com concentração marcada para as 18 horas em frente ao Masp para protestar contra as ações do ‘Centrão”. Leia mais sobre as ações dos movimentos sociais com a TVT News.
Central inimigo do povo e pelo fim da escala 6×1
Com o mote “Centrão Inimigo do Povo”, a manifestação foi articulada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, com adesão de centrais sindicais, partidos de esquerda e coletivos da juventude, e pretende denunciar o avanço da agenda neoliberal imposta pela maioria conservadora do Congresso Nacional.
A convocatória é parte de uma jornada nacional de lutas, que inclui manifestações simultâneas em outras capitais, como Belo Horizonte e Porto Alegre. Em São Paulo, os organizadores destacam que o ato será o principal e o mais simbólico. “Vamos às ruas em defesa do povo trabalhador e contra os retrocessos impostos pelo Congresso e seus aliados no Centrão”, afirmou a Frente Brasil Popular, em nota.
Ao mesmo tempo, os movimentos sociais também organizam um Plebiscito Popular pelo fim da escala 6×1. Saiba como e onde votar aqui.
Entre os principais eixos de reivindicação estão a defesa da taxação dos super-ricos, a luta contra a jornada 6×1, a crítica à expansão dos privilégios parlamentares, e o repúdio a projetos como o PL da Devastação, que enfraquece o licenciamento ambiental.
O ato também expressa apoio à política econômica do governo Lula, sobretudo à reforma tributária que isenta trabalhadores que ganham até R$ 5 mil e propõe a cobrança de impostos sobre lucros e dividendos. A mobilização inclui uma crítica contundente ao que consideram uma sabotagem do Congresso ao governo federal. “A elite política tenta manter privilégios e impedir qualquer avanço em justiça social”, afirmam os organizadores.
“Taxar os super-ricos”
Entre os principais eixos do protesto está a justiça tributária. Os movimentos exigem a taxação dos super-ricos, com base na proposta do governo federal que prevê o fim da isenção de impostos sobre lucros e dividendos, além da regulamentação de fundos exclusivos e offshores.
A cobrança tem como alvo tanto os bancos quanto os grandes empresários e detentores de patrimônio concentrado, como também as plataformas de apostas, conhecidas como bets. Na semana passada, como parte do “esquenta” para o dia 10, militantes ocuparam simbolicamente a sede do banco Itaú, na região da Faria Lima, centro financeiro da capital paulista. O ato, organizado por movimentos como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e a Frente Povo Sem Medo, denunciou a concentração de renda no país e o privilégio fiscal dos setores mais ricos.
“Os bancos lucram bilhões todos os anos, enquanto o povo sofre com a carestia e o desemprego. É hora de inverter essa lógica”, disse Ana Prestes, da coordenação nacional da Frente Brasil Popular. A manifestação teve faixas com os dizeres “Taxar os ricos já” e “Chega de privilégio”, e teve ampla repercussão nas redes sociais.
Em reportagem da TVT News, participantes do ato lembraram que apenas cinco bilionários no Brasil concentram mais riqueza que os 100 milhões mais pobres. Para os movimentos sociais, é insustentável manter uma estrutura tributária regressiva, em que quem ganha menos paga mais proporcionalmente. “Não se pode falar em justiça social sem romper com a lógica de blindagem dos super-ricos”, afirma trecho do manifesto das frentes convocadoras.
Contra a jornada 6×1
Outro ponto de mobilização é a rejeição à escala 6×1 que, segundo o Partido dos Trabalhadores de São Paulo (PT-SP), fere direitos trabalhistas e precariza as condições de vida. Em nota publicada no site do PT-SP, movimentos de trabalhadores destacam que “a imposição dessa jornada reduz o tempo de descanso, enfraquece o convívio social e familiar e aumenta os casos de adoecimento laboral”.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC) também se manifestou contra a medida. Em nota, a entidade reforça que “Em sua maioria, nossa categoria já trabalha 40 horas semanais por meio de acordos históricos que garantiram esse direito para nossa aguerrida base. Mas essa ainda não é a realidade em todo o Brasil. Não à toa, a nossa gloriosa Central Única dos Trabalhadores tem como uma das suas principais bandeiras a luta pela redução de jornada”, afirma o texto publicado no site do sindicato.
Além da questão da jornada, os sindicalistas também pautam a defesa de uma redução da carga horária semanal sem redução salarial, como estratégia de geração de empregos e combate ao desemprego estrutural.
Mobilização política
Entre os parlamentares que apoiam o ato, estão Guilherme Boulos (PSOL-SP), lideranças do MST, CUT, UNE, e diversos deputados da bancada progressista. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Boulos afirmou que o objetivo é “dar um basta no sequestro do país pelo Centrão”. Para ele, o Congresso tem atuado como “um balcão de negócios que trava qualquer medida em favor da maioria da população”.
As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo publicaram um manifesto conjunto em que denunciam “a ofensiva das elites econômicas e políticas contra os direitos do povo e contra o projeto de transformação social que elegeu Lula presidente”. O texto afirma que a manifestação de 10 de julho será um grande grito das ruas por justiça, soberania e democracia.
Segundo os organizadores, novas mobilizações estão sendo preparadas para as próximas semanas, caso o Congresso mantenha a postura de obstrução às pautas sociais. A expectativa é que o ato desta quinta-feira reúna milhares de pessoas e coloque pressão sobre os parlamentares em Brasília.