Já estão abertas as inscrições para duas escolas de formação a mulheres, na área de Tecnologia da Informação (TI). Os cursos serão gratuitos e oferecidos pelos bancos a partir de uma reivindicação da categoria, que foi atendida e incluída na mais recente na Campanha Nacional Unificada 2024-2026, fruto da luta dos trabalhadores representados pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região (Seeb-SP).
“A formação delas para as áreas de tecnologia dos bancos foi uma das nossas principais reivindicações da campanha nacional do ano passado, de renovação da CCT, porque a TI é, atualmente, a área em que os bancos mais estão realizando contratações. Ao mesmo tempo, é uma área com baixa representatividade de mulheres devido a vários fatores, como a falta de incentivo para que elas ingressem nesta área. E como, atualmente, o cenário da tecnologia é dominado por homens há um desafio maior até para a permanência e ascensão das mulheres na tecnologia”, explica Neiva Ribeiro, coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta do Seeb-SP.
“Há uma preocupação sobre o futuro do trabalho e de que forma podemos aumentar o conhecimento das mulheres na área de tecnologia, para que não sejam segregadas e avancem nos cargos de liderança”, completa a presidenta.
Representatividade
As análises da dirigente se baseiam em dados concretos da realidade brasileira. Uma pesquisa divulgada pela Brasscom, com dados de 2023, apontou que elas ocupam 39% dos empregos no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Já levantamento, realizado pelo Serasa Experian, de março de 2024, e que fez um recorte apenas para a área de Tecnologia da Informação (TI) revelou que a representação feminina neste setor é de apenas 0,07% – correspondendo a 69,8 mil profissionais do país.
Outra pesquisa, da empresa de executive search Plongê, e realizada no segundo semestre de 2023, com diretores de TI do estado de São Paulo, revelou que as mulheres que estão na alta liderança do mercado de tecnologia ganham, em média, 48% menos que os homens que ocupam as mesmas posições.
No setor bancário, um estudo do Dieese aponta a ampliação das vagas destinadas a esses profissionais nos bancos privados. Em 2012, eles representavam 5,1% do total de trabalhadores bancários, enquanto em 2023 essa participação subiu para 12,0%. No entanto, a proporção de mulheres nas ocupações de TI apresentou queda no mesmo período, passando de 31,9% em 2012 para 25,2% em 2023, o que significa que para cada quatro trabalhadores de TI, apenas um é mulher.
Espaço das mulheres
“Se nada for feito, essa tendência irá se aprofundar, ou seja, menos mulheres terão espaços nos cargos de tecnologia e isso tem impactos em toda a sociedade, com o aumento da desigualdade salarial e social de gênero”, observa a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes. “Foi pensando nisso que nós exigimos, da Fenaban [Federação Nacional dos Bancos] a inclusão de cláusulas na CCT que incentivem o ingresso de mulheres nesta área, com recorte para promover negras, mães, mulheres com deficiência e mulheres trans”, concluiu a dirigente.
A coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, destaca que o incentivo à formação e promoção de mulheres na tecnologia é um debate do qual depende o futuro com igualdade de oportunidade de gênero na categoria. “Desde a pandemia, principalmente, houve expansão da área de tecnologia dos bancos e isso impactou no crescimento de profissionais de TI no setor. Mas o número de mulheres, em relação aos homens, reduziu em tecnologia e isso reflete uma questão estrutural, porque, historicamente, as mulheres sempre foram menos incentivadas a atuar nas áreas tecnológicas. Por isso, uma das nossas exigências na renovação da CCT foi a qualificação de mulheres na tecnologia “, explica.