O Nobel de Medicina foi anunciado na manhã desta segunda-feira (6) concedendo o prêmio para três cientistas: os estadunidenses Mary E. Brunkow e Fred Ramsdell e o japonês Shimon Sakaguchi. Eles foram responsáveis por revelarem que o sistema imunológico possuí ferramentas para evitar ataques ao próprio corpo. Atualmente, essa descoberta é chamada de tolerância imune periférica. Saiba mais na TVT News.
“Suas descobertas foram decisivas para nossa compreensão de como o sistema imunológico funciona e por que nem todos desenvolvemos doenças autoimunes graves”, diz Olle Kämpe, presidente do Comitê Nobel.
Desde a Antiguidade, o ser humano entende que o próprio corpo consegue combater e se recuperar de doenças. Apenas em 1882 que Ilya Ilyich Mechnikov conceituou o processo do sistema imunológico, ao demonstrar que glóbulos brancos funcionavam como um exército devorador de doenças doentes.
Entretanto, um dúvida fundamental ainda pairava na ciência: como o sistema imunológico determina o que deve atacar e o que deve defender? Essa resposta é a que recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina 2025.
Até o fim do século passado, muitos pesquisadores estavam convencidos de que a tolerância imunológica só se desenvolvia devido à eliminação de células imunes potencialmente nocivas no timo, por meio de um processo chamado tolerância central.
O japonês Shimon Sakaguchi demonstrou, em 1995, que o sistema imunológico não se concentrava apenas no timo e na medula óssea, vistos como centrais do corpo. Ele demonstrou que a proteção contra doenças se espalha em todas áreas do ser humano por meio de células imunes que identificam e combatem as células infectadas por vírus ou células tumorais. Essas células passaram a ser conhecidas como células T reguladoras.
Em 2001, os estadunidenses Mary Brunkow e Fred Ramsdell quando apresentaram a explicação para o motivo pelo qual uma linhagem específica de camundongos era particularmente vulnerável a doenças autoimunes. Eles descobriram que os camundongos tinham uma mutação em um gene que chamaram de Foxp3 . Eles também demonstraram que mutações no equivalente humano desse gene causam uma doença autoimune grave, a IPEX.
Em 2003, Shimon Sakaguchi retornou a pesquisa do tema e relacionou a sua primeira descoberta com o trabalho dos estadunidenses. Ele provou que o gene Foxp3 funciona como mestre nas células T reguladoras. A falta do gene leva a uma resposta imunológica precária do sistema, o que cria doenças autoimune. Já o excesso possibilita o desenvolvimento e aumento do câncer.
As descobertas criaram um novo campo de pesquisa científica: a tolerância periférica. Essa área tem desenvolvido estudos para tratamentos médicos para câncer e doenças autoimunes. Também espera-se que cirurgias de transplante de órgãos se tornem mais bem-sucedidos. Segundo o comunicado do Nobel, vários desses trabalhos estão em fase de testes clínicos.
Outros tipos de células T foram descobertas, o que deu maior dimensão para o processo do sistema imunológico. As células T auxiliares fazem uma espécie de análise de cada molécula que está no corpo, verificando se há alguma infecção ou se estão livres.
Caso seja identificada uma doença, ela ordena o ataque coordenado de células T citotóxicas, que funcionam como um exército. Cada célula T citotóxica é feita para uma doença específica e se autocopiam sozinhas.
As células T reguladores, descoberta pelos cientistas laureados, é responsável por sinalizar que uma célula está saudável e não precisa ser atacada. Elas funcionam como uma barreira de contenção: a guerra fica desta linha para lá, do lado de cá está seguro.
Vencedores do Prêmio Nobel de Medicina 2025:
Mary E. Brunkow , nascida em 1961. Doutora pela Universidade de Princeton, Princeton, EUA. Gerente Sênior de Programas no Instituto de Biologia de Sistemas, Seattle, EUA.
Fred Ramsdell , nascido em 1960. Doutor em 1987 pela Universidade da Califórnia, Los Angeles, EUA. Consultor científico, Sonoma Biotherapeutics, São Francisco, EUA.
Shimon Sakaguchi , nascido em 1951. Médico em 1976 e Ph.D. em 1983 pela Universidade de Kyoto, Japão. Professor Emérito no Centro de Pesquisa de Fronteira em Imunologia, Universidade de Osaka, Japão.
Valor do prêmio : 11 milhões de coroas suecas, a serem divididas igualmente entre os laureados.
Com informações de Prêmio Nobel