Número de endividados cai em janeiro, mas inadimplência ainda preocupa 

Menor inadimplência reflete esforço para equilibrar as contas, mas renda comprometida acende alerta
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Brasileiros ficaram menos endividados e menos inadimplentes em janeiro, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

O percentual de famílias endividadas no Brasil registrou queda em janeiro, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Confira mais em TVT News.

O índice passou de 76,7% em dezembro para 76,1% no primeiro mês de 2024, marcando o segundo recuo consecutivo. Em comparação com janeiro de 2023, a redução foi de 2 pontos percentuais (p.p.). No entanto, a percepção de endividamento aumentou: 15,9% da população se considera “muito endividada”, ante 15,4% no final do ano passado. 

A pesquisa também revelou que 20,8% dos brasileiros destinaram mais da metade de sua renda ao pagamento de dívidas em janeiro, o maior percentual desde maio de 2024. Em média, as famílias comprometeram 30% dos ganhos com o pagamento de obrigações financeiras, um aumento de 0,2 p.p. em relação ao mês anterior.

As dívidas consideradas no levantamento incluem cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de veículos e imóveis. 

Desigualdade no endividamento

A análise por faixa de renda mostra que os extremos das classes econômicas foram os que mais reduziram o endividamento. Entre as famílias com renda mensal de até três salários mínimos, o índice caiu de 80,5% em dezembro para 79,5% em janeiro.

Já no grupo com renda superior a dez salários mínimos, a queda foi de 66,1% para 65,3%. Por outro lado, houve aumento no endividamento entre as famílias com renda de cinco a dez salários mínimos (de 72,4% para 72,5%) e na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos (de 78,2% para 78,5%). 

 A proporção de inadimplentes manteve-se estável em janeiro, mas com variações entre as faixas de renda. No grupo com renda familiar de até três salários mínimos, o índice permaneceu em 37,8%.

Na classe média baixa (três a cinco salários mínimos), a inadimplência caiu de 28,1% para 27,5%. Já entre as famílias com renda de cinco a dez salários mínimos, o percentual subiu de 21,7% para 22,0%. No topo da pirâmide, entre os que ganham mais de dez salários mínimos, a taxa de inadimplência manteve-se em 14,9%. 

Perspectivas para 2025 

Apesar da melhora recente, a CNC projeta que o endividamento e a inadimplência devem voltar a crescer ao longo de 2025. Os índices começariam a subir a partir de março, fechando o ano com 77,5% das famílias endividadas e 29,8% inadimplentes.

A entidade atribui parte desse cenário aos juros elevados, que desestimulam o crédito a longo prazo. A taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,25% ao ano, tem impactado o custo e a disponibilidade de crédito, levando a população a reduzir o consumo. 

Embora a redução no consumo ajude a controlar a inflação, ela também freia o crescimento econômico, criando um cenário desafiador para setores dependentes do crédito e do consumo das famílias. Para a CNC, o cenário exige atenção, já que o aumento do endividamento e da inadimplência pode pressionar ainda mais a recuperação da economia brasileira em 2025.

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