Polícia da Câmara expulsa e agride jornalistas e deputados

Sob comando de Hugo Motta, é a primeira vez que censura acontece na Casa desde a ditadura
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Policiais agiram de forma truculenta contra deputados, repórteres, cinegrafistas e fotógrafos. Foto: Reprodução/Redes sociais

Jornalistas e deputados foram agredidos e censurados na Câmara dos Deputados na noite desta terça-feira (9) pelo Departamento de Polícia Legislativa por ordem do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). O episódio ocorreu na mesma noite em que foi aprovado o PL da Dosimetria, que busca impunidade para os golpistas do 8 de janeiro de 2023 e da tentativa de golpe de Estado. Entenda em TVT News.

Ditadura na Câmara: censura e agressão

O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupou a cadeira do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em protesto contra a decisão de pautar a votação da cassação de seu mandato por agredir um membro do Movimento Brasil Livre (MBL), movimento de extrema direita.

Ao ocupar a cadeira, Glauber questionou a diferença de tratamento dada a ele e aos foragidos Eduardo Bolsonaro (PL), Carla Zambelli (PL) e Alexandre Ramagem (PL). “Aqui ficarei até o limite das minhas forças”, disse o deputado. Motta ordenou que a Polícia Legislativa retirasse o parlamentar da Mesa Diretora.

Para impedir o registro da truculência, o sinal da TV Câmara, que transmitia ao vivo a sessão em plenário, foi cortado e jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas e assessores de imprensa foram expulsos pela Polícia Legislativa.

Glauber foi retirado da cadeira e arrastado pelo Salão Verde da Câmara, enquanto um tumulto generalizado se formou. Veja abaixo o momento em que o parlamentar é arrancado da cadeira. As deputadas Sâmia Bomfim e Célia Xakriabá também foram agredidas ao tentar impedir o abuso.

Junto com Sâmia e Célia, Glauber registrou um boletim de ocorrência na 5ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal contra as agressões sofridas. O Ministério das Mulheres também será acionado pelas agressões e ausência de policiais mulheres na abordagem.

Em nota nas redes sociais, Glauber destacou o absurdo da ação, que não ocorria desde a ditadura militar. A violência contra o deputado foi criticada e comparada com a leniência com a qual estão sendo tratas os golpista que fizeram o motim na Câmara em agosto e seguem sem qualquer responsabilização.

Fenaj e SJPDF repudiam ataque à imprensa

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) consideraram “extremamente grave o cerceamento ao trabalho da imprensa e à liberdade e ao direito de informação da população brasileira”. As entidades citam ainda graves episódios de agressões físicas a profissionais da imprensa e cobram explicações do presidente da Casa.

“Não podemos admitir que medidas autoritárias, que remontam às vividas em um período não tão distante durante a ditadura militar, sejam naturalizadas e se repitam em nosso Congresso Nacional – que deveria ser a Casa do povo e não de quem ataca os direitos da população. Seguimos atentos e acompanhando os desdobramentos desse lamentável e absurdo episódio”, criticaram. 

Em outra manifestação conjunta, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) também condenaram o cerceamento do trabalho da imprensa.

“O impedimento do trabalho de jornalistas e o corte de sinal da TV Câmara são incompatíveis com o exercício da liberdade de imprensa”, diz a nota. As entidades cobraram “apuração de responsabilidades para que tais práticas de intimidação não se repitam e que sejam preservados os princípios da Constituição Brasileira, que veda explicitamente a censura”.

Imagens e relatos mostram ação truculenta de policiais legislativos contra repórteres, cinegrafistas e fotógrafos que tentavam realizar seu trabalho. Alguns profissionais precisaram de atendimento médico por conta de agressões, que incluíram puxões, cotoveladas e fortes empurrões.

Com Agência Brasil.

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