Em 24 de julho de 1783 nasceu Simón Bolívar, figura central na luta contra o domínio colonial espanhol na América do Sul. Sua trajetória influenciou os rumos da independência em diversos países latino-americanos e o legado de suas ações ecoa até os dias atuais. A TVT News conta a história do líder que se tornou símbolo da luta por soberania na América Latina.
Por que Simón Bolívar é chamado de Libertador
Simón Bolívar recebeu o título de “Libertador” por ter liderado processos de independência em diversos territórios sul-americanos no início do século XIX. À frente de campanhas militares e políticas, ele foi decisivo na libertação da Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia do domínio espanhol.
A atuação de Simón Bolívar articulou forças locais e regionais para enfrentar o Império Espanhol, promovendo mudanças que marcaram o nascimento de novos Estados nacionais na América Latina.
O reconhecimento como “Libertador” não aconteceu apenas por suas vitórias militares, mas também por seu pensamento político voltado à integração e autonomia dos povos sul-americanos. O nome foi dado ainda em vida, principalmente após a vitória sobre os espanhóis na Batalha de Carabobo, em 1821, que consolidou a independência da Venezuela.
História de Simón Bolívar
Nascido em Caracas, no atual território da Venezuela, Simón Bolívar era de uma família rica de origem espanhola. Ainda jovem, viajou para a Europa, onde teve contato com os ideais iluministas e presenciou momentos decisivos da Revolução Francesa. Esses acontecimentos moldaram a visão política de Bolívar e o inspiraram a lutar contra a dominação colonial na América do Sul.
A partir de 1810, Bolívar iniciou sua atuação política e militar nas lutas de independência da Venezuela. Seus esforços se estenderam por mais de uma década, marcados por alianças, batalhas e a construção de projetos políticos voltados à unificação dos territórios libertos. Em 1825, o novo país formado a partir do Alto Peru foi batizado de Bolívia, em sua homenagem. O comandante desta campanha foi o general Sucre, amigo de Bolívar, que expulsou os colonizadores na Batalha de Ayacuho.

Apesar dos avanços, Bolívar enfrentou resistências e disputas internas. Sua proposta de uma América unida não se concretizou. Em seus últimos anos, isolado politicamente e debilitado, morreu em Santa Marta, atual Colômbia, em 1830.
No romance O General em Seu Labirinto, o escritor colombiano Gabriel García Márquez, descreve como foram os últimos dias de vida do Libertador.
O que é Carta da Jamaica, escrita por Simón Bolívar?
A “Carta da Jamaica” é um documento escrito por Simón Bolívar em 6 de setembro de 1815, durante seu exílio na cidade de Kingston, na Jamaica. A carta foi uma resposta a um comerciante britânico que solicitou uma análise sobre a situação da América espanhola. Nela, Bolívar expôs suas reflexões sobre os processos de independência e as possibilidades de construção de novas nações.
O texto é considerado um marco do pensamento político latino-americano. Nele, Bolívar critica o colonialismo, aponta os desafios da autonomia regional e defende a necessidade de união entre os povos sul-americanos. A “Carta da Jamaica” antecipa temas como integração continental, soberania e autodeterminação dos povos, que continuam presentes nos debates políticos do continente.
Simón Bolívar, na Carta da Jamaica, de 1815, chama a todos de americanos, incluindo os que chama de “irmãos do Norte”. Ainda que não inclua o Brasil, Bolívar já tece ali as ideias de unidade ao descrever como México, a Guatemala até o istmo do Panamá, Venezuela, Nova Granada, Alto Peru, Chile e Buenos Aires, incluindo as ilhas de Porto Rico e Cuba tinham um mesmo objetivo: a luta contra um inimigo comum e o desejo de liberdade.
Interessante como Bolívar integra as ilhas de Porto Rico e Cuba. Não é a condição geográfica, mas o fato de ambas também sofrerem as consequências das imposições do império espanhol.
El velo se ha rasgado: ya hemos visto la luz, y se nos quiere volver a las tinieblas; se han roto las cadenas; ya hemos sido libres, y nuestros enemigos pretenden de nuevo esclavizarnos. Por lo tanto, la América combate con despecho, y rara vez la desesperación no ha arrastrado tras sí a la victoria. […] Las islas de Puerto Rico y Cuba, […] porque están fuera del contacto de los independientes. Mas, ¿no son americanos estos insulares?, ¿no son vejados?, ¿no desean su bienestar? […] Mas nosotros […] no somos indios ni europeos, sino una especie media entre los legítimos propietarios del país y los usurpadores españoles.
A Copa Libertadores da América faz homenagem aos Libertadores, quem são?
A Copa Libertadores da América, principal competição de clubes do futebol sul-americano, homenageia os líderes que comandaram as lutas de independência contra o domínio colonial europeu no século XIX. Entre os homenageados estão figuras como Simón Bolívar, José de San Martín, da Argentina, Bernardo O’Higgins, do Chile e José Gervasio Artigas, do Uruguai.

Esses líderes atuaram em diversas regiões do continente, mobilizando exércitos populares e promovendo transformações políticas que deram origem às nações independentes da América do Sul. Ao nomear o torneio como “Libertadores da América”, a Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) reconheceu o papel histórico desses personagens na formação dos países do continente e associou o esporte a valores de luta, resistência e identidade latino-americana.