Trump e Musk vão fechar a Usaid, principal agência humanitária dos EUA

“Vamos encerrá-la”, declarou o bilionário, acrescentando que o presidente norte-americano concorda com a decisão
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Bilionário quer acabar com ajuda aos necessitados do mundo. Foto: Divulgação

O presidente Donald Trump e o multibilionário Elon Musk preparam o fechamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos, a Usaid. Desde o domingo (2), Musk, que comanda o recém-criado Departamento de Eficiência do Governo (Doge), disparou diversos dos seus foguetes verbais contra a agência. Dentre outras termos, ele classificou a Usaid como uma “organização criminosa”, “um ninho de vermes” e antro de “esquerdistas radicais”.

“Vamos encerrá-la”, declarou Musk num grupo de áudio da sua rede social X (ex-Twitter), acrescentando que o presidente norte-americano concorda com a decisão. “Passamos o fim de semana a enfiar a Usaid numa trituradora”, escreveu o homem mais rico do mundo na mesma plataforma.

Passando das palavras à ação, a sede da Usaid em Washington amanheceu fechada nesta segunda-feira (3), e os funcionários, instruídos a trabalhar remotamente. Essa medida seguiu-se à declarações de Trump, que criticou a agência, chamando-a de “administrada por lunáticos radicais” e sugerindo sua absorção pelo Departamento de Estado. Ainda não está claro, portanto, qual será o destino do órgão, se fechado terminantemente ou absorvido e reconfigurado.

Em outro petardo, Musk afirmou que a Usaid é uma “louca perda de dinheiro”. A agência é responsável por mais de 40% de toda a ajuda humanitária aplicada no mundo. No ano fiscal de 2023, os EUA desembolsaram 72 bilhões de dólares em assistência externa. Os recursos foram aplicados desde programas de saúde das mulheres em zonas de conflito até o acesso à água potável, tratamentos de HIV/Aids, segurança energética e trabalho anticorrupção.

A Usaid foi criada em 1961 pelo presidente John F. Kennedy, no contexto da Guerra Fria, com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico, fortalecer democracias, melhorar a saúde global e fornecer assistência em desastres humanitários.

Principais áreas de atuação da Usaid:

  • Ajuda humanitária: resposta a crises como desastres naturais, conflitos e epidemias.
  • Saúde global: combate a doenças como HIV/AIDS, malária e tuberculose, além de programas de vacinação e nutrição.
  • Democracia e governança: apoio a eleições livres, fortalecimento da sociedade civil e combate à corrupção.
  • Desenvolvimento econômico: projetos para estimular o crescimento sustentável em países em desenvolvimento.
  • Educação: apoio a programas educacionais, especialmente para meninas e minorias.
  • Segurança alimentar e agricultura: iniciativas para reduzir a fome e aumentar a resiliência climática.
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Durante a pandemia, Usaid colaborou na distribuição de vacinas. Foto: Ratynski/Unicef

A agência opera em mais de 100 países e tem um papel crucial na política externa dos EUA, sendo vista como uma ferramenta diplomática para influenciar outras Nações, promovendo os interesses americanos no exterior. Atualmente, a agência é vista como uma “arma” dos americanos diante da crescente influência global da China. Assim, as políticas de ajuda humanitária serviriam como alternativa a políticas de integração desempenhadas pelos chineses, como a iniciativa conhecida como Novas Rotas da Seda.

Logo que tomou posse, no entanto, Trump assinou a Ordem Executiva 14169, intitulada “Reavaliando e Realinhando a Assistência Externa dos Estados Unidos”, que determinou uma pausa de 90 dias em todos os programas de assistência externa dos EUA para revisão. Essa pausa afetou diversos programas, incluindo assistência à saúde global, desenvolvimento e ajuda militar, com exceção de ajuda humanitária de emergência e assistência militar a Israel e Egito.

Em meio às investidas de Musk contra o envio de auxílio humanitário aos pobres e desvalidos em todo o mundo, Trump não poupou elogios ao seu assessor multibilionário. “Acho que Elon está fazendo um bom trabalho. Ele é um grande cortador de custos, ele está fazendo um ótimo trabalho. Ele é um cara inteligente. Ele está muito interessado em cortar o orçamento do nosso governo federal.”

Essas ações refletem a agenda da administração Trump de reduzir gastos governamentais e reavaliar o papel dos Estados Unidos em programas de ajuda internacional. No entanto, têm gerado preocupações sobre o impacto na assistência humanitária global. Soma-se a isso a retirada novamente dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde (OMS), interrompendo, por exemplo, o financiamento de programas de combate ao HIV em países de baixa e média renda.

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