Justiça de SP extingue penas de policiais condenados pelo massacre do Carandiru

Repressão policial a uma rebelião resultou na morte de 111 detentos
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Massacre do Carandiru deixou 111 mortes e 73 policiais foram condenados. Foto: Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decidiu extinguir as penas dos policiais condenados pelo massacre do Carandiru, ocorrido em 1992. 

A decisão foi proferida no dia 2 de outubro pela Quarta Câmara de Direito Criminal, baseada no indulto natalino concedido em dezembro de 2022 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para anistiar os policiais.

O massacre ocorreu em outubro de 1992, quando a repressão policial a uma rebelião prisional resultou na morte de 111 detentos.

O episódio gerou a condenação de 73 policiais. As penas variam de 48 a 624 anos de prisão.

De acordo com a câmara criminal, o decreto foi considerado constitucional pelo órgão especial do tribunal e deve ser aplicado aos condenados.

“Nesses termos, é imperioso declarar-se a extinção da punibilidade, pelo indulto, das penas corporais impostas a todos os réus desta ação penal”, decidiram os magistrados.

Os efeitos do indulto foram suspensos em janeiro de 2023 pela então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber. Contudo, o mérito do caso estava previsto para ser julgado em junho deste ano, mas não foi a julgamento.

No mesmo mês, o ministro Luiz Fux concedeu liminar para permitir ao TJSP realizar o julgamento que considerou o indulto constitucional.

O indulto de Bolsonaro foi questionado no STF pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Para a procuradoria, o ato de Bolsonaro é inconstitucional por afrontar a dignidade humana e conceder anistia a envolvidos em crime de lesa-humanidade.

O que foi o massacre do Carandiru

O massacre do Carandiru foi uma chacina executada pela Polícia Militar de São Paulo em 2 de outubro de 1992 na extinta Casa de Detenção de São Paulo, mais conhecida como Carandiru

A intervenção militar se deu após uma briga entre presos, que se tornou uma rebelião, e uma tentativa falha de negociação entre a PM e os encarcerados. A ação resultou no número oficial de 111 mortes, apesar de ex-detentos afirmarem que na realidade os mortos passaram dos 250 presidiários. Nenhum policial morreu. 

Na época, haviam 7.257 presos na penitenciária, que era dividida em sete pavilhões. No pavilhão 9, principal foco da ação dos militares, viviam 2.706 réus primários, detentos que cumpriam sua primeira pena ou que aguardavam julgamento. 

Com reportagem de André Richter, da Agência Brasil

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