Após a repressão brutal da semana passada pelas forças de segurança lideradas por Patricia Bullrich, um novo protesto acontece em frente ao Congresso Nacional da Argentina. Houve maior mobilização policial, interrupções no trânsito e controles nas entradas da Cidade de Buenos Aires. Veja o que acontece com os aposentados da Argentina com informações do periódico Página12, da Argentina e com o enviado da TVT News a Buenos Aires, Bruno Falci.
Aposentados da Argentina fazem nova manifestação
Após a repressão brutal da última quarta-feira, o Parlamento foi cercado por uma nova marcha dos aposentados da Argentina. Mais de mil agentes de segurança são esperados, e dezenas de ruas serão bloqueadas para impedir o protesto. Na Câmara dos Deputados, o governo Milei pretende proteger seu decreto para chegar a um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI)
As informações são do jornal Página 12.
A mesma situação se repetirá na tarde desta quarta-feira, 19 de maio: pensionaistas e aposentados da Argentina se reunirão em frente ao Congresso Nacional para exigir a reposição urgente de seus pagamentos. Mas eles não estarão sozinhos.
A partir das 17h (horário de Buenos Aires), diversas organizações sociais e sindicatos voltarão a ocupar o centro de Buenos Aires em um dia marcado pela tensão e pelas lembranças da repressão policial que deixou pessoas presas e feridas há apenas uma semana.
- TVT News em Buenos Aires: veja as informações diretas da Argentina com Bruno Falci
Rodolfo Aguiar: “Bullrich tem que renunciar”
O secretário-geral da Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE), Rodolfo Aguiar, convocou uma passeata nesta quarta-feira em apoio aos aposentados e contra o acordo com o Fundo Monetário Internacional por meio de um decreto, que será discutido na Câmara dos Deputados. Ele afirmou que o governo está “preocupado porque o povo começou a perder o medo, e isso se nota”, pois “a manifestação de hoje será maior que a da semana passada”.
Em entrevista à AM 750 , Aguiar reiterou que a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, “toda vez que ocupa cargo público, tudo o que faz é acumular mortes” e exigiu sua renúncia. “Hoje estamos travando duas batalhas: uma fora do Congresso, com a polícia fazendo tumulto, e outra dentro do Congresso, para que esse governo não nos submeta novamente ao FMI”, alertou.
O clima não é o mesmo . Desta vez, a operação de segurança será mais ampla. Segundo fontes oficiais, haverá controles nas entradas da província de Buenos Aires e aumento do efetivo policial, embora não haja confirmação sobre a instalação de cercas na área. O Ministério da Segurança, liderado por Patricia Bullrich, está se preparando para conter qualquer possível “transbordamento”.
Quem participa do protesto dos aposentados da Argentina?
O protesto tem um horário definido: 17h. No entanto, a Associação de Trabalhadores do Estado (ATE) anunciou uma greve que começará às 12h para participar do dia de protesto, então a Plaza de los Dos Congresos deve ficar lotada bem antes.
Entre as organizações presentes no ato dos aposentados da Argentina estarão o Polo Obrero, a Frente de Organizações em Luta (FOL), o MTE, Barrios de Pie, o Movimento Evita e a Frente Popular Darío Santillán , além de grupos da União de Trabalhadores da Economia Popular (UTEP).
Em frente ao Congresso, a Rua Solís será um dos pontos mais vulneráveis ao trânsito, pois:
- Avenida Entre Ríos e Avenida Callao
- Avenida de Maio
- Avenida Hipólito Yrigoyen
- Ayacucho
- Bartolomé Mitre
- Paraná
- Saenz Peña
- Sarandi
- Adolfo Alsina

Reivindicações dos aposentados, repressão e um apelo à liberdade
O protesto de quarta-feira acontece em meio à crescente agitação social e preocupação política. Na última quarta-feira , a repressão policial terminou com 114 pessoas presas, que foram liberadas por ordem da juíza Karina Andrade por falta de provas.
Enquanto o fotógrafo Pablo Grillo permanece hospitalizado em estado crítico após levar um tiro na cabeça naquele dia, o Ministro Bullrich recebeu apoio oficial, mas também críticas generalizadas. Uma petição assinada por líderes como Adolfo Pérez Esquivel, Ricardo Mollo, Eugenio Zaffaroni e Victoria Montenegro exigiu que “o direito de manifestação sem repressão” fosse garantido.

Expectativa e segredo oficial
Houve reuniões de emergência na Casa Rosada. Os oficiais de Segurança e Inteligência chegaram cedo. Participaram o Secretário de Justiça, Sebastián Amerio, e o titular da AFI, Sergio Neiffert . Eles não temem um surto: o que estão preparando é um novo dia de repressão. Embora a mensagem oficial fale de “ordem”, as placas nas ruas dizem o contrário.
A partir do meio-dia, vários escritórios públicos próximos ao Congresso estarão fechados. Não há explicações, mas a mensagem é clara: a operação não faz distinção entre manifestantes e pedestres. Bullrich insiste em justificar a violência, mesmo diante de aposentados protestando pacificamente nas calçadas e de pessoas que se juntam ao protesto e usam seus celulares para registrar como os infiltrados tentam forçar um confronto.
As imagens que circularam na última quarta-feira não deixam dúvidas sobre o modus operandi do governo de extrema direita: viaturas policiais abandonadas estrategicamente com portas abertas, armas soltas em praças e policiais não identificados. A provocação não é um erro, mas parte do método.

Por que os aposentados da Argentina estão protestando?
Os aposentados na Argentina têm protestado devido à queda no valor de suas pensões e ao aumento do custo de vida, que os empurram para a pobreza. As manifestações, que ocorrem semanalmente, intensificaram-se recentemente e contaram com o apoio de torcedores de futebol e movimentos sociais. Esses protestos refletem a insatisfação crescente com as políticas de austeridade implementadas pelo governo do presidente Javier Milei, que incluem cortes nos gastos públicos e ajustes econômicos que afetam os setores mais vulneráveis da sociedade.
Durante uma manifestação em Buenos Aires, houve confrontos violentos entre os manifestantes e a polícia, resultando em mais de 120 detidos e pelo menos 45 feridos. A polícia utilizou gás lacrimogêneo, balas de borracha e canhões de água para dispersar os manifestantes, que incluíam aposentados e torcedores de futebol. Entre os feridos, destacou-se o fotógrafo Pablo Grillo, que sofreu uma fratura de crânio após ser atingido por um cartucho de gás lacrimogêneo e foi submetido a uma cirurgia de emergência.
O governo de Milei acusou os manifestantes de tentar desestabilizar sua administração, enquanto os movimentos de aposentados afirmam que os protestos são pacíficos e que a participação dos torcedores de futebol visa fortalecer a causa. A repressão violenta gerou críticas e aumentou a tensão política no país, com manifestações de solidariedade aos aposentados e condenações à atuação das forças de segurança.
