Aumento de 0,25% na Selic vai custar R$ 13 bilhões ao país

Economista José Luis Oreiro (UnB) crítica decisão do Copom: "Não faz nenhum sentido"
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Aumento da taxa de juros beneficia o rentismo, afirma economista. Foto: José Cruz/ABR

Pela primeira vez em dois anos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual. Assim, a atual taxa básica de juros subiu para 10,75% ao ano. De acordo com o professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB) José Luis Oreiro, a decisão “não faz nenhum sentido”. Além disso, em entrevista ao Central do Brasil, parceria entre o Brasil de Fato e a TVT, ele destaca que a elevação da taxa de juros vai custar R$ 13 bilhões aos cofres do país.

O economista questiona ainda a necessidade de aumentar a Selic para conter eventual elevação da inflação. Ele cita que o Boletim Focus do BC – com informações colhidas junto ao mercado financeiro – indica a inflação dentro do teto da meta, tanto em 2024, como em 2025.

“Não sei de onde que estão tirando essa informação de que há um descontrole, uma desancoragem das expectativas, de que inflação está descontrolada. Pelo contrário, se a gente observar a inflação acumulada em 12 meses, ela caiu entre julho e agosto. Então assim realmente não há nenhum embasamento técnico, com base no protocolo do regime de metas de inflação, que justifique esse aumento que vai custar aos cofres públicos R$ 13 bilhões em 12 meses.

Interesses

Para ele, há motivos políticos e financeiros para o aumento da Selic. “O motivo político é que se quer colocar uma trava na expansão do PIB brasileiro”. O objetivo, conforme o economista, é reduzir as possibilidades de reeleição do presidente Lula. Segundo ele, não interessa aos agentes do mercado um governo de esquerda. Ainda mais quando a busca o equilíbrio fiscal a partir do aumento de impostos para os mais ricos.

Além disso, a alta dos juros beneficia o capital rentista. “A taxa de juros, quando aumentada, gera ganhos financeiros significativos para os rentistas, para o pessoal da Faria Lima, para os bancos, etc. Como eu acabei de dizer, esse aumento representa R$ 13 bilhões – repito, R$ 13 bilhões – a mais de gastos do governo em 12 meses”, critica Oreiro.

“Então me soa muito estranho que o mercado financeiro diga que a taxa de juros tem que subir, porque o governo está gastando demais, quando essa elevação da taxa de juros implica num aumento significativo das despesas do governo”, acrescenta.

Quem perde com a alta da Selic?

Como impactos do aumento da Selic, Oreiro cita o encarecimento do crédito para a população. Assim, os juros do cartão de crédito, do cheque especial e outras formas de financiamento devem ficar ainda mais caras.

“Ou seja, vai ficar mais caro financiar a compra de um automóvel, vai ficar mais caro financiar a compra de um apartamento. Os cerca de 210 milhões de habitantes do país vão transferir renda para pouco mais de 75 mil pessoas, o tamanho da população rentista no Brasil.

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