Veículos da indústria jornalística, como a revista Veja, insistem em apresentar cenário negativo do governo Lula, apesar dos avanços. Leia a análise da relação entre mídia e governo Lula na TVT News.
Mídia e governo Lula: avanços ignorados
Colocadas lado a lado, as duas capas da revista Veja mostram, no mínimo, uma indisposição com o governo Lula e apoio à política do ex-ministro Paulo Guedes.

Veja aposta na determinação e no rumo certo.
Créditos: Reprodução Edição 2718
A capa da edição 2718 da revista Veja, de 23 de dezembro de 2020, trazia a manchete “Ano da Virada” se referindo à promessa de Paulo Guedes do PIB crescer 4% no ano seguinte. À época, o Produto Interno Bruto (PIB) atingiu R$ 7,6 trilhões em 2020, com queda de 3,3% ante 2019. O PIB per capita chegou a R$ 35.935,74. A Agropecuária cresceu 4,2%, a Indústria caiu 3,0% e os Serviços caíram 3,7%. O consumo das famílias caiu 4,5%.
De fato, o PIB cresceu mais de 4% em 2021, devido ao aumento da demanda interna, à recuperação do setor de serviços e à flexibilização das medidas de restrição da pandemia de COVID-19, por conta da chegada das vacinas em março daquele ano. Vacinas, aliás, que o governo da época fez de tudo de para evitar e criminalizar.
O que chama a atenção para a capa é o voto de confiança no então ministro da Economia, Paulo Guedes. É uma foto do ministro com o olhar confiante e postura de quem está “pronto para ação”. Não há composição de imagens e truques de edição.
Mídia e Governo Lula: corta para 2025
Edição que mostra a indisposição da relação mídia e governo Lula. A capa da edição 2935 da revista Veja, de 14 de março de 2025 traz o presidente Lula dirigindo um suposto trem verde e amarelo, uma alusão à condução do país. A imagem é uma montagem e o trem de alta velocidade percorre trilhos perigosos, de madeira, quase despencando em um precipício.

Ao contrário do cenário negativo de 2020, os números da economia brasileira são positivos. Na semana de publicação da revista, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,2% no quarto trimestre deste ano em comparação com o terceiro. Em 2024, o PIB cresceu 3,4% de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maior alta desde 2021.
Ao contrário do resultado de 2021, em que o crescimento aconteceu após o ano de retração por conta da Covid-19, o crescimento de 2024 em relação a 2023 foi de crescimento sobre crescimento.
“Foi o quarto ano de crescimento consecutivo após o auge dos efeitos da pandemia de Covid-19 sobre a economia brasileira e acima das expectativas do mercado do início de 2024”, segundo nota publicada pela Secretaria Executiva do Ministério do Planejamento e Orçamento.
“O crescimento da indústria e dos serviços foram o destaque no lado da oferta. Na ótica da demanda, todos os componentes registraram variação positiva: consumo das famílias acumulou alta de 4,8%; consumo do governo com expansão de 1,9% e o investimento mantendo taxas positivas no acumulado em quatro trimestres, pela segunda vez consecutiva”, diz a nota.
“De 2022 a 2024, o PIB cresceu em todos os trimestres. Esse resultado é superior às estimativas do início de 2024 (+1,59% – Focus de 05/01/2024). O PIB per capita variou, em termos reais, 3,0% em 2024, alcançando R$ 55.247,45 no total do ano e R$ 4,6 mil em valores mensais”, ressalta o texto do Ministério do Planejamento e Orçamento.
Ao contrário da capa do Paulo Guedes, a capa do Lula no trem desgovernado passa a sensação de desconfiança, de falta de direção, do país indo para o abismo, mesmo com números positivos.
O que explica a capa da revista Veja é velho ranço da relação mídia e governo Lula.
Mídia e governo Lula: velha relação de má-vontade
Não foi a primeira vez que a relação mídia e governo Lula pendeu para a visão negativa dos dados da economia.
Em artigo publicado originalmente no Estadão (e disponível nas redes sociais), o professor titular da USP, Eugênio Bucci, chamou a atenção para o que ele chamou de “manchetes adversativas”: o PIB cresceu, mas….

No artigo, o professor destaca que “no dia 2 de março, os três principais jornais brasileiros trouxeram manchetes quase idênticas. O Globo, no alto da primeira página, proclamou: “Brasil cresce 2,9%, mas queda de investimentos é alerta”. O Estado de S. Paulo procurou um enunciado mais detalhado: “PIB sobe 2,9%, mas investimento cai e pode travar desenvolvimento maior”. A Folha de S. Paulo arriscou uma variação: “PIB cresce 2,9% em 2023, mas estagna no segundo semestre”.
Afirma Bucci: “no centro das três, imperou a conjunção adversativa ‘mas’, em meio a duas assertivas contraditórias. (…) As três primeiras páginas, em lugar de trombetearam um fato, comunicaram uma ambivalência dissonante, atritada: as coisas não estavam tão ruins como alguns supunham, mas também não estão tão boas como alguns esperam”.
Mídia e governo Lula: é preciso democratizar a informação
Os atritos entre mídia e governo Lula são de longa data. Não é de hoje que a indústria jornalística tem postura crítica diante de governos progressistas. A história recente mostra que gestões de viés popular costumam enfrentar discursos que minimizam seus avanços e amplificam dificuldades. Essa tendência é evidente quando se compara a cobertura do atual governo com a de gestões anteriores de orientação neoliberal, que recebiam tratamento mais ameno mesmo diante de indicadores menos favoráveis.
A revalorização do Salário Mínimo, a expansão de programas sociais como o Bolsa Família e o Pé-de-meia, com aumento do investimento em educação, têm mudado a realidade de milhões de brasileiros. No entanto, esses temas aparecem com menor frequência nos principais jornais, que frequentemente priorizam pautas que geram desgastes ao governo. A ausência de um debate equilibrado pode impactar a percepção popular sobre os rumos do país.
Diante desse cenário, buscar fontes alternativas de informação é fundamental. Veículos independentes, mídia popular e redes sociais dos movimentos sociais podem oferecer uma visão mais ampla sobre os fatos, permitindo que os cidadãos formem opiniões com base em dados e análises diversas. A pluralidade informativa é essencial para uma democracia saudável.
Durante a cerimônia de posse da nova gestão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília, o presidente Lula voltou a destacar os problemas causados pela propagação do ódio e da desinformação nas redes sociais, e defendeu a aprovação de uma legislação que enfrente a concentração de poder pelas plataformas digitais.
A TVT News tem esse papel: enfrenta a concentração de poder e coloca os interesses da classe trabalhadora, dos movimentos sociais e da defesa da democracia como prioridade para o noticiário.
- Mídia e governo Lula: presidente defende democratização da informação